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30/01/2011

Para fazer uma ponte...


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TRANSFIGURAÇÃO

DEIXA-ME adormecer e não perguntes nada.
O mundo foi brutal e a vida comprida
nos seus desenganos de coisa perdida.

Deixa-me ficar nesta atitude sem gestos.
Leva para trás a hipocrisia das falas:
o silêncio é um corredor que vai dar a muitas salas.

E agora vai-te embora que eu quero ser sòzinho.
A morte não tarda e eu hei-de recebê-la
tão grave como o céu perante uma nova estrela.

Alberto de Lacerda in "Cadernos de Poesia", Lx, 1951.

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04/08/2010

Poeta resgatado ao esquecimento...

Graças a Luís Amorim de Sousa amigo de longa data de Alberto de Lacerda é possível resgatar este poeta de um certo esquecimento... o que era uma enorme injustiça. Luís Amorim de Sousa é responsável pela Colecção Alberto de Lacerda editada pela Assírio em conjunto com a Fundação Mário Soares.
  • Alberto de Lacerda,O Pajem Formidável dos Indícios, Assírio & Alvim - Fundação Mário Soares, Lisboa, 2010.
  • Luís Amorim de Sousa, Às Sete no Sa Tortuga - um retrato de Alberto de Lacerda, Assírio & Alvim - Fundação Mário Soares, Lisboa, 2010.

20/06/2010

Escritores Esquecidos 4

Alberto de Lacerda (1928-2007)

ROBERT BRESSON

E súbito
No meio de partículas
Fortíssimas
Do mal
Surgiram as mãos honestas
Da mulher arrancando
Batatas
Da terra

A bondade sem medo
Da velha que se deixa acompanhar
Do jovem assassino
Até à pouco
Inocente

Dois desconhecidos

Olhar profundo
Entre mãe e filho
Que não são

São dois desconhecidos
Que o acaso aproximou
Há dias
Arrancando juntos
Batatas
Da terra indiferente

Londres, 19 de Janeiro 1991 in "Átrio", Imprensa Nacional - Casa da Moeda, p.102, 1997.

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Elefante


Não me aparecera ainda num poema


E surge a tromba


É um começo

Londres, 23 de Janeiro 1991 in "Átrio", Imprensa Nacional - Casa da Moeda, p.103, 1997.



SETE POEMAS

Só ficarão talvez sete poemas
De toda esta agonia caos e luto
(Amor eterno a que negaram fruto,
Não por estéril, mas por ínvias penas);

As alegrias grandes e pequenas,
Não do amor sòmente, rosto enxuto,
Foram raras, foi alto o seu tributo;
Secou a angústia as lágrimas serenas.

Fome, fome de pão, fome de amor,
Quebrou-me o píncaro de plenitude
A que só raro ergui asas de alvor.

Versos puros em vez de juventude?
Antes a vida, a luz o seu esplendor.
Versos? Paguei-os. Agonia e luto.

Alberto de Lacerda in "Exílio", Portugália, pp.94-95, 1963.



BIBLIOGRAFIA
1955 - 77 Poemas
1961 - Palácio, ed. Delfos.
1963 - Exílio, Portugália Editora.
1969 - Selected Poems
1981 - Tauromagia
1984 - Oferenda I, INCM-Imprensa Nacional Casa da Moeda.
1987 - Elegias de Londres, INCM-Imprensa Nacional Casa da Moeda.
1988 - Meio-dia
1991 - Sonetos
1994 - Oferenda II, INCM-Imprensa Nacional Casa da Moeda.
1997 - Átrio, INCM-Imprensa Nacional Casa da Moeda.
2001 - Horizonte, INCM-Imprensa Nacional Casa da Moeda.
???? - Mecânica Celeste